sábado, dezembro 20, 2003
É Natal, mas...
Ainda não eram 20 horas e lá estava eu, bem refastelado em frente à TV, para me pôr a par das últimas nos notíciarios da TV Portuguesa. Depois, quase sempre o mesmo, um intenso zapping entre as diferentes estações para tentar não perder, ou melhor, para tentar apanhar o máximo de informação. O curioso, é que os conteúdos são quase idênticos e quase em simultâneo entre os diferentes canais .
Mas hoje fiquei-me pelo Telejornal da RTP-1.
A notícia de abertura foi, invariavelmente, sobre o dossier “Casa Pia” e fiquei a saber que afinal o ex-embaixador Jorge Ritto vai continuar em prisão preventiva depois do anúncio, na passada quarta-feira, da sua libertação.
Bem sei que aquilo que escrevi na quinta-feira sobre este assunto, não teve influência na decisão do Super Juiz, até porque o dito não terá tido tempo para visitar o “Botafaladura”. Vejam lá que o pobre do homem, nem ao fim de semana descansa….espero que ao menos lhe paguem as horas extraordinárias.
O certo é que o Juiz decidiu e está decidido. Ainda bem!
Mas o episódio de hoje desta telenovela não acaba aqui, a outra personagem, Carlos Cruz, também teve direito a “tempo de antena” através do seu advogado, o não menos conhecido Ricardo Sá Fernandes.
Dizia este, que estava muito esperançado que o seu constituinte, fosse passar o natal a casa. Considerava – e repetiu por diversas vezes – que esta decisão “seria um acto de humanidade mínima” para com Carlos Cruz sobretudo nesta época natalícia.
Confesso que fiquei “abananado” com o que acabava de ouvir!
Mas afinal, parece que este País perdeu a noção do bom senso e da moral. E em relação a todos os reclusos que cumprem as suas penas, e às centenas que aguardam julgamento em prisão preventiva? Não seria também “um acto de humanidade mínima” fazê-los passar o natal a casa junto com os seus familiares ?
E porque não fechar as cadeias durante quinze dias e dar férias aos guardas prisionais?
Francamente Dr. Sá Fernandes! Compreendo que queira “mostrar” trabalho – para justificar os chorudos honorários - e obter protagonismo, mas daí até fazer crer que uns são filhos e outros enteados, tenha dó! Deveria saber que à luz da Constituição, todos tem os mesmos direitos e não é pelo facto de o seu constituinte ser uma figura pública e, por toda a pressão que tem sido feita sobre os decisores acerca dos arguidos neste caso, que terá tratamento diferenciado. Eu sei que todo o cidadão é inocente até prova em contrário, mas isso é apenas um formalismo da lei, porque se estivessem tão inocentes assim, não estavam em prisão preventiva.
Saiba ainda que aqui nos Açores, ainda esta semana, foi condenado um cidadão por práticas de abuso sexual de menores, e que durante os próximos cinco anos também não passará o Natal em casa, nem os milhares de recluso que enchem as cadeias deste País.
Olhe, peça ao Pai Natal, se ainda acreditar!
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Mas hoje fiquei-me pelo Telejornal da RTP-1.
A notícia de abertura foi, invariavelmente, sobre o dossier “Casa Pia” e fiquei a saber que afinal o ex-embaixador Jorge Ritto vai continuar em prisão preventiva depois do anúncio, na passada quarta-feira, da sua libertação.
Bem sei que aquilo que escrevi na quinta-feira sobre este assunto, não teve influência na decisão do Super Juiz, até porque o dito não terá tido tempo para visitar o “Botafaladura”. Vejam lá que o pobre do homem, nem ao fim de semana descansa….espero que ao menos lhe paguem as horas extraordinárias.
O certo é que o Juiz decidiu e está decidido. Ainda bem!
Mas o episódio de hoje desta telenovela não acaba aqui, a outra personagem, Carlos Cruz, também teve direito a “tempo de antena” através do seu advogado, o não menos conhecido Ricardo Sá Fernandes.
Dizia este, que estava muito esperançado que o seu constituinte, fosse passar o natal a casa. Considerava – e repetiu por diversas vezes – que esta decisão “seria um acto de humanidade mínima” para com Carlos Cruz sobretudo nesta época natalícia.
Confesso que fiquei “abananado” com o que acabava de ouvir!
Mas afinal, parece que este País perdeu a noção do bom senso e da moral. E em relação a todos os reclusos que cumprem as suas penas, e às centenas que aguardam julgamento em prisão preventiva? Não seria também “um acto de humanidade mínima” fazê-los passar o natal a casa junto com os seus familiares ?
E porque não fechar as cadeias durante quinze dias e dar férias aos guardas prisionais?
Francamente Dr. Sá Fernandes! Compreendo que queira “mostrar” trabalho – para justificar os chorudos honorários - e obter protagonismo, mas daí até fazer crer que uns são filhos e outros enteados, tenha dó! Deveria saber que à luz da Constituição, todos tem os mesmos direitos e não é pelo facto de o seu constituinte ser uma figura pública e, por toda a pressão que tem sido feita sobre os decisores acerca dos arguidos neste caso, que terá tratamento diferenciado. Eu sei que todo o cidadão é inocente até prova em contrário, mas isso é apenas um formalismo da lei, porque se estivessem tão inocentes assim, não estavam em prisão preventiva.
Saiba ainda que aqui nos Açores, ainda esta semana, foi condenado um cidadão por práticas de abuso sexual de menores, e que durante os próximos cinco anos também não passará o Natal em casa, nem os milhares de recluso que enchem as cadeias deste País.
Olhe, peça ao Pai Natal, se ainda acreditar!
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